Manifestantes fizeram um ato público, na tarde desta quinta-feira (18), em sete municípios de Mato Grosso para pedir o fim da violência contra as mulheres. Um documento assinado por mais de 170 instituições pede mudanças aos poderes públicos. Em Cuiabá, o protesto foi realizado na Praça Ulisses Guimarães.
A manifestação também foi realizada em Várzea Grande, Cáceres, Juína, Pedra Preta, Lucas do Rio Verde, e Sinop.
A organizadora do protesto e coordenadora do Fórum de Mulher Negras de Mato Grosso, Leia Santos, contou que é preciso de políticas públicas efetivas direcionadas às mulheres.
"Há uma diversidade dos movimentos, da sociedade, famílias de mulheres que foram vítimas de feminicídio, todos mobilizados pelos mesmos sentimentos de revolta por tamanha barbárie que nós mulheres estamos passando", disse.
O documento se chama "Ato por justiça para as mulheres de Mato Grosso" e destacou uma série de reivindicações aos órgãos, como:
- Para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), o fim de prisão domiciliar para acusados de feminicídio.
- Para o Governo do estado, a implantação do plano estadual de políticas públicas para mulheres, com orçamento suficientes para o cumprimento das medidas.
- Para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobre a execução em programas e orçamentos.
No estado, 47 mulheres foram mortas pela condição de gênero em 2022 e no ano passado, foram 49 feminicídios. Somente nos primeiros dias deste ano, já foram registrados três feminicídios.
Relembre os casos
Francisca Alves Nascimento, de 35 anos, morreu, nessa segunda-feira (15), após ser esfaqueada pelo companheiro em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá. Câmeras de segurança registrarma o momento em que o suspeito, identificado como Marcelo Ochoa de Freitas, encurrala a vítima e a esfaqueia diversas vezes. A vítima tenta reagir, mas é impedida pelo suspeito, que levanta e foge.
Segundo a Polícia Civil, o crime ocorreu em frente ao Terminal Rodoviário do município. A mulher foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros com perfurações no pescoço, tórax e rosto, mas chegou ao hospital sem vida.
Francisca já tinha denunciado o homem duas vezes pelo crime de violência doméstica. Ela procurou a polícia e o denunciou em março de 2022 e dezembro do ano passado. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Ana Terra, os dois estavam juntos há quatro anos.
De acordo com a Polícia Militar, Marcelo tentou embarcar em um ônibus, mas foi detido por populares e preso pelos militares, em seguida.
Aos policiais, ele disse que cometeu o crime após uma suposta traição e término de relacionamento com a vítima. Segundo a PM, o homem demonstrou frieza ao confessar o crime e em nenhum momento mostrou estar arrependido.
Marcelo Ochoa já tinha passagem criminal por violência doméstica. Ele segue preso.
Morte em Sorriso
Mayla Rafaela Martins, de 22 anos, foi encontrada morta, nessa terça-feira (16), em uma fazenda às margens da MT-485, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. De acordo com a Polícia Civil, ela teria desaparecido após entrar em um carro no dia anterior.
O empresário Jorlan Cristiano Ferreira, de 44 anos, foi preso suspeito do crime. Ao ser questionado sobre o crime, ele confessou aos policiais o assassinato.
O homem relatou que matou a vítima no quintal da casa dele usando uma faca, depois enrolou o corpo com a lona de uma piscina e escondeu na área da fazenda. Na audiência de custódia, o empresário alegou que matou Mayla após a vítima tentar roubar dinheiro dele.
A jovem teria contado para os amigos que queria retornar para Várzea Grande, região metropolitana da capital, onde vivia anteriormente, no entanto, o empresário não aceitava e teria passado a ameaçá-la.
No dia do crime, Mayla compartilhou uma foto da placa do carro do empresário com pessoas próximas a ela, o que ajudou a polícia a localizá-lo.
Corpo de mulher encontrado em galinheiro
O corpo de Dinamar Ferreira da Silva, de 46 anos, foi encontrado em uma cova rasa, nos arredores de um galinheiro de uma propriedade na zona rural de Comodoro, a 677 km de Cuiabá, nessa segunda-feira (15). O feminicídio ocorreu no início de janeiro e, desde então, o suspeito estava foragido.
Um homem de 50 anos foi preso após confessar que matou e enterrou a vítima. À polícia, ele contou que estava em uma confraternização no sítio que trabalhava quando discutiu com Dinamar por telefone.
Ao chegar em casa, tentou matar a mulher estrangulada, mas como não conseguiu, pegou um cabo de madeira e golpeou a vítima até que ela ficasse inconsciente. A mulher vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
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