Pais e estudantes fizeram um abaixo-assinado contra a decisão da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que revogou a medida que oferece 15% de bonificação na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para candidatos que cursaram o ensino médio em Mato Grosso e concorrem à vagas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com mais de 1,7 mil assinaturas, o documento foi protocolado no site da universidade e deve ser entregue ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) nesta segunda-feira (25).
O anúncio que colocou fim ao benefício foi feito pela UFMT, na última quinta-feira (21), após repercussão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou a concessão do bônus inconstitucional. A medida revoltou alunos que já realizaram o Enem neste ano e contavam com o benefício para tentar uma vaga na universidade local.
O grupo que pede a reconsideração dessa decisão alega que a medida é desproporcional e pode causar sérios prejuízos aos estudantes que planejaram seus estudos para o Sisu. No abaixo-assinado, a comunidade pontuou ainda que a medida foi revogada sem aviso prévio.
A professora e mãe de um aluno que está há dois anos tentando uma vaga na UFMT, Luciana Paixão, disse que todos foram pegos de surpresa com o anúncio.
"Não houve debate sobre uma medida que impacta fortemente pais e alunos. Essa decisão repentina ignora desigualdades regionais e tira dos nossos filhos a chance de competir em condições mais justas. A revogação poderia ser discutida e implementada no próximo ano, mas não assim de última hora causando insegurança para todos", ressaltou.
A UFMT, por sua vez, diz que pediu à Consultoria Jurídica do Ministério da Educação (Conjur/MEC) um parecer sobre as repercussões das decisões do STF em relação ao uso de bônus, e que "para evitar possíveis judicializações que prejudiquem os processos seletivos futuros, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) da UFMT deliberou pela revogação da resolução que tratava da bonificação regional".
De acordo com a Conjur/MEC, embora as universidades tenham autonomia para definir políticas de ações afirmativas, elas devem ser justificadas com argumentos como: redução de desigualdades sociais e não podem ferir o princípio de isonomia.
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